19 de fevereiro de 2011

26 de agosto de 2009

Introspecção II



O pensamento beija cada momento em que penso em ti
Em cada letra as lágrimas são de rendição
Em cada palavra não proferida, uma tempestade
de uma emoção que a custo contenho
Nesta proibição que me impus e não consigo aplicar.

Danço ao som do vento e o mar lá em baixo
Geme a sua longa dor, nas cores vibrantes
De mais um fim de tarde
Um anjo brinca comigo, gato e rato,
esconde-esconde , nas saias da mãe
Crianças a fazer construções na areia,
Delírio de sonhos de adultos a imaginar
Que a vida se move apenas aqui.
Figuras contempladas por olhos frios
De pássaros que gritam a sua liberdade.
E o altifalante rouco que me atropela
os ouvidos no meio do extenso areal.
A capela fica ali no meio do Oceano,
tão perto… que a toco com os olhos da mente.
Suavemente o mar agita o seu terno abraço,
Nesta oração diária.
Escarpada esta inusitada e abstracta imagem
Que me percorre o corpo, numa sensação
de arrepio delirante de saudade.!

Beijo cada momento em que penso em ti
Em cada frase escrevo um apelo que não lês,
Fico a mitigar a mágoa para ultrapassar este dia tão nosso.
E…imagino teu rosto desenhado nas nuvens distantes.

5 de maio de 2009

Abstractas são as palavras


Cortei palavras de um livro antigo
e fiz novas imagens, como aquelas
que estão perdidas no tempo e voam
Como borboletas de um dia só.
Uma fonte jorrou água, a saciar a sede
numa fórmula insolúvel, na transformação.
Consumiu-me o fogo ao percorrer este
manual de palavras abstractas.
Um corpo a fingir que é forte de tão frágil.
Cortei palavras de diálogos vastos
Covardemente me aquietei …na ira dos dias.
Serenamente, atropelei o meu coração.
O sonho vive ainda apesar deste cansaço
Com que lidero o âmago da minha vida.
E vou continuar a cortar as palavras desse livro,
porque o meu momento é agora e nunca antes.
E sinto frio, tanto frio… a viver dentro de mim.
Que os dias venham aglomerados num só
Para deixar o silêncio adormecer e… docemente
sentir o calor do teu abraço.
Até quando este continuar de palavras abstractas?
Airam Vieira ( Maria)

21 de março de 2009

Inesquecível


Em traços a palavra escorre...
através dos meus dedos
desenho tempestades
que me inquietam a alma.
Meu coração aos tropeções
revela-se em ecos de saudade.
Há interrogações...
que a mim mesma faço
e no livro escrito
em língua desconhecida
vejo fantasmas
que oscilam, trancados
pelos compartimentos da vida.
Inesquecível pranto...
que nos meus olhos vagueia
trazendo o perfume
da claridade, uma febre
que urge em ser extensão
de tantas faces que oculto,
em estranha visão.
Inesquecível na alma.
Eternamente.

11 de fevereiro de 2009

Sentir


Calaste o riso da madrugada e já nada resta
o brilho tornou-se mancha a cavalgar
pela floresta...a terra gritou
pelo amanhecer na fúria de mais um dia.
Pousei os lábios na oferta que a vida
me deu e abracei o longo clamor.
Morreram as palavras...
Nasceu o sol e a chuva continua...

12 de janeiro de 2009

Saltos em voos de pensamento


Equilibro-me nos saltos e desaguo na cidade
em busca do momento…
Energia a saltitar nos pés de uma princesa urbana.
Mais do que nunca…
O tempo não ajuda, mas tem de ser, lá terá que ser…
Talvez faça falta a alguém, não sei.
E há sonhos que profetizam esta dança
De ciganos saltimbancos a girar pela vida.
Não sei de quantas cores se veste o amor
Se a alma é antiga nesta aridez.
Falta a energia na magia do teu olhar
Diagnostico o vibrar do som mais alto
Tanto esquecimento…
Pensamentos soltos ocorrem no mar deste
Meu amanhecer, que à luz de uma manhã fresca
Deslizam, um após outro, até desaparecem no
Centro de uma palavra qualquer.
Caminho apressada e na saída olho ainda
O mar (paraíso) ainda incompleto,
Ah! E chamo-o assim para dar permissão
(mais uma vez…o sorriso)
Aos saltos que me levam a caminhar até ti.

18 de novembro de 2008

Rosa negra


Como senti… como sinto
Esta loucura em que me perdi
Bato as asas e sou ardil
Metáfora constante no palpitar do jardim
Que morre… que vibra de vida.
Sou rosa negra em beleza perfeita
De mais uma voraz mensagem
Silenciosa e cristalina.
E sou… e fui natureza ardente
fria na representação
Com que cubro esta angústia
A tapar o riso que se despe
na minha boca inocente.
E que mais posso dizer?
Se no sal da minha pele
Impera o teu odor, silêncio
que canta o vazio, edificado
por mais uma fantasia
de beijos mordidos de ausência .
Assim neste recolher
me sinto uma rosa negra
diferente de outra qualquer.

26 de outubro de 2008

Culpa



Dou um passo à frente, logo outro atrás
Abro a porta na luz ténue
Fecho a porta na noite que se põe
Outono moribundo espera …
só mais um segundo
E…Cansaço…
Na cidade morro e corro
Estou perdida…
Cerro os olhos e já não vejo
Encolhida neste canto.
Estico ondas de pálidas sombras
De nostalgia, quando ainda
Sou película de filme ardente.
E… sonho…
Extravagante penumbra
Pintura iluminada de um artista qualquer.
Paraíso proibido na angustia sem sentido
Na margem a viver.
E … caio suavemente
No caminho sem culpa
Eu… que não quero ser… eu
E sou… mais eu por minha culpa.
Que culpa tenho eu por amar-te assim?...